Morrer para Si, Viver para Deus
Morrer para Si, Viver para Deus.
A frase do sacerdote Simeão dirigida a Maria na apresentação do menino de Jesus no templo, com toda certeza ecoou no íntimo de Maria sem entender a fundo o que queria dizer. No começo da vida de Jesus, ele profetiza que o Messias seria sinal de contradição, onde Maria teria que se fazer forte diante do sofrimento de Jesus e deveria também estar preparada, pois “Uma espada de dor transpassaria sua alma” (Lc 2,35).
Qual a intensidade de sua dor? Maria não sofreu senão por amor. Seu martírio ultrapassa em horror o sofrimento de sangue. Para compreendê-La, seria necessário compreender igualmente a intensidade de seu amor. Ao ver o seu filho Jesus morrer no alto de uma cruz, Maria não morre fisicamente, mas é corredentora porque morre na alma, a lança que feriu Jesus na cruz, atravessa a alma de Maria; Ela não derramou o seu sangue, mas sofreu em sua alma as consequências de um martírio incruento, este que mesmo sem derramar sangue nos levam a purificação.
A exemplo de Maria, a oportunidade que temos no dia a dia de entregarmos nossa vida a Cristo e de nos purificarmos se dá por um martírio incruento (sem sangue). São pequenos sofrimentos padecidos por causa do Reino, de nossas famílias, e sonhos. Pequenas perseguições cotidianas que nos ferem e que podemos oferecer a Nosso Senhor como perfume agradável, seja na igreja, no trabalho, na família, na vocação, etc.; como grãos de trigo que vão morrendo, caindo pelas estradas ao longo de nossas vidas, e frutificando em bênçãos, alegrias, graças e uma maior união com nosso Deus. Só aquilo que realizamos em união sobrenatural com nosso Senhor Jesus Cristo pode produzir frutos para a Eternidade.
Quantas vezes abrimos mão de nossas vontades para fazer a vontade de um filho? Quantas vezes morremos internamente em um trabalho, pois sabemos que dali sairá o sustento de nossa família? Quantas vezes renunciamos nossas vontades, para bem servir em uma paróquia ou trabalho da igreja? Quantas vezes temos que renunciar bens, convicções, projetos em nome de uma vocação? Quantas? Quantas? Quantas perguntas caberiam aqui? Em tudo isso vamos morrendo um pouquinho, mas crendo que a exemplo de Maria seremos elevados aos céus para poder contemplar Deus face a face.
Portanto se sofremos, não interrompamos nossas lágrimas, mas lembremo-nos sempre que elas têm um valor muito grande e podem e vão se transformar em orvalho de benção. Devemos aceitar nossos sofrimentos com amor e com reconhecimento. Queiram as grandes lições que nos dá a Virgem Dolorosa imprimir-se em nosso espírito e transformar nossa existência. Quando a provação se abater sobre nós, não tenhamos mais dúvidas, nem desânimos, nem revoltas. Devemos querer aprender o verdadeiro valor do amor aos pés da Cruz.
“Este martírio da vida ordinária é um testemunho mais do que nunca importante nas sociedades secularizadas do nosso tempo. É a pacífica batalha do amor que cada cristão, como Paulo, deve combater incansavelmente; a corrida para difundir o Evangelho que nos empenha até à morte" (Papa Bento XVI, 28 de outubro de 2007).
Edna Oliveira
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